terça-feira, 5 de abril de 2011

Das coisas do quadro negro

De algumas coisas eu entendo. De como os vivos continuam vivendo. De como os mortos continuam vivendo com eles. De como, em uma floresta, até uma árvore morta cria sombras e despenca folhas, uma a uma. De como os galhos secos se quebram contra o vento e o cascalho descasca lentamente. De como o tronco trinca, invernos após a vida ter acabado. De como a água percola as rachaduras e o tronco cai no chão. De como o musgo o cobre e os coelhos o acham na primavera e fazem lá sua toca, e vivem, dentro da árvore morta.

De como nada que morre é desperdiçado na natureza, na vida ou no amor.

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