domingo, 6 de março de 2011

Jardim Botânico.

Hoje eu fui ao Jardim Botanico. Eu não tenho ido ao Leme ou ao Jardim Botânico com tanta freqüência... Eu acho que cada vez mais a nostalgia que eu sinto nesses lugares perde o sentido, não diminui, continua firme e forte, mas perde o sentido. Eu acho que vejo o Leme quase como um túmulo e esses textos como epitáfio. Mas não é no Leme e nem no seu túmulo de verdade que você está.
Pois bem, você não está “dormindo” nem “descansando”... Você não “está em lugar melhor”. Onde você está? Você está na minha estante de livros? Nas músicas do meu rádio? No vento com cheiro de maresia?
Eu lembro de muita coisa e eu não lembro de quase nada. Foram tantos dias, tantas horas juntos, que é impossível lembrar de tudo. Eu lembro de como você reclamava... Nossa, como você reclamava... Que eu sempre cheirava a café, que eu não conseguia falar olhando pros outros, que eu estava sempre reclamando... Como você reclamava... Como eu daria tudo pra ouvir essas reclamações de novo. É muito fácil lembrar das pessoas pelos grandes gestos, pelos discursos, pelas tardes memoráveis. Mas não é tão fácil se lembrar as coisas pequenas. Os detalhes adoráveis e as imperfeições perfeitas que fazem a pessoa ser que ela é. Eu acredito que é lembrar dessas coisas pequenas que mostram o quanto a gente se importava.
As coisas grandes, os momentos inesquecíveis, as festas, o primeiro beijo... Essas coisas enchem o peito de nostalgia. Mas são as coisas pequenas, as briguinhas, os risos, os milhares de tardes iguais e nada memoráveis olhando o mar sem dizer nada que enchem o peito de luto e da beleza que as coisas fundamentalmente tristes conseguem inspirar.
Em volta dos lugares onde a gente costumava ir junto ficou um buraco de saudades, que eu me vejo circundando nos dias normais e onde eu me vejo afundando nos dias de chuva.

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